Crianças brasileiras estão acessando a internet cada vez mais cedo. De acordo com pesquisa da Cetic, 95% das crianças e adolescentes de nove a 17 anos usam internet no país; para alguns, o primeiro contato começou antes dos seis anos de idade, segundo 24% dos entrevistados em 2023. Com esse cenário, os responsáveis devem avaliar qual a idade apropriada para introduzir garotos e garotas no mundo da tecnologia. A questão deve levar em conta o equilíbrio entre os benefícios e os possíveis desafios envolvidos nessa inclusão no âmbito on-line.
“Por volta dos três ou quatro anos, é aconselhável introduzir dispositivos tecnológicos de maneira supervisionada e com foco educativo. Jogos e aplicativos pedagógicos podem ser úteis para estimular o desenvolvimento cognitivo e habilidades motoras. No entanto, é fundamental balancear o uso dessas tecnologias com outras atividades físicas e sociais”, destaca o fundador da Ctrl+Play, escola de programação e robótica para crianças e adolescentes, Henrique Nóbrega.
À medida que as crianças crescem, em torno dos seis ou sete anos, é aconselhável incluir conceitos mais avançados, como a programação básica. Essa abordagem visa estimular a criatividade, a resolução de problemas e o pensamento crítico desde cedo, proporcionando um ambiente propício ao desenvolvimento cognitivo. “A ideia é incentivar as crianças a terem atitudes mais ativas em relação à tecnologia, entendendo sua utilidade prática para além do entretenimento passivo”, acrescenta Henrique. Plataformas interativas e jogos que ensinam lógica de programação de forma lúdica podem ser excelentes ferramentas para esse fim.
Após os 10 anos, as crianças demonstram uma compreensão mais sólida do mundo ao seu redor e começam a se envolver com tecnologias mais avançadas. A introdução da robótica educacional nessa fase possibilita o desenvolvimento prático de habilidades em engenharia e eletrônica. No entanto, é crucial criar um ambiente que estimule a criatividade e a exploração de formas diferentes, on-line e off-line, sem limitar o aprendizado apenas aos dispositivos eletrônicos.
A supervisão constante dos pais e educadores deve garantir o uso adequado das telas e da rede. Para Henrique, considerar as implicações éticas e de segurança digital desde cedo também é fundamental na formação das crianças no ambiente tecnológico. Isso envolve abordar temas como comportamento responsável na internet e o discernimento em relação aos conteúdos on-line, educando as crianças sobre a importância da privacidade, dos limites da tecnologia e de proteger suas informações pessoais.
“O desenvolvimento saudável da relação das crianças com a tecnologia requer um processo gradual e adaptativo, iniciando desde os primeiros anos de vida, com supervisão e orientação constante. O objetivo é cultivar um ambiente propício ao aprendizado, capacitando as crianças a enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do mundo digital de forma responsável”, finaliza o diretor da Ctrl+Play.
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