A combinação entre o alto número de oportunidades, boa remuneração e um setor em crescimento colocam a área de Produto (Product Management) em ascensão no mercado brasileiro. Os dados são da 3ª edição do Panorama de Product Management no Brasil (2022-2023), pesquisa realizada em agosto pela PM3, escola referência em educação de produtos digitais do Brasil, que contou com a participação recorde de mais de dois mil profissionais.
Segundo o estudo, a média salarial ponderada dos profissionais da área, que envolve cargos como Product Manager, Product Owner, Product Designer, Business Analytics, entre outros, aumentou 20% comparado com o ano anterior e alcançou o valor de R$ 12.147. Os dados do levantamento mostram também uma diminuição do percentual de profissionais que ganham entre R$ 2 mil e R$ 12 mil e, em contrapartida, um crescimento nas faixas salariais maiores, que vão de R$ 12.001 até mais de R$ 30 mil.
Além disso, a pesquisa também aponta a diferença da média salarial por gênero, sendo R$ 11.210 das mulheres e um valor 21,4% maior dos homens, R$ 13.618, o que representa uma diferença bastante significativa e um ponto de atenção para o mercado, que carece de uma equalização neste sentido.
No recorte do cargo de Product Manager o aumento relativo foi ainda maior, com a média salarial saltando de R$ 10.056 em 2021 para R$ 13.056 neste ano – um avanço de 29,8%. Quando questionados sobre o nível de satisfação com o salário, a maioria dos entrevistados (43,4%) se diz contente e acredita ganhar em linha com o mercado. O destaque fica por conta dos Product Managers e Lideranças de Produto, que apontam um índice de satisfação um pouco superior à média: respectivamente 50,2% e 51,7%.
De acordo com o CEO da PM3, Marcell Almeida, os dados indicam não apenas que o segmento de Product Management é promissor no mundo da tecnologia, como um aumento na valorização dos especialistas do ramo, que deve se fortalecer ainda mais nos próximos anos. “O mercado de Produto acompanha o de tecnologia. Da mesma forma que há uma demanda crescente por desenvolvedores, as empresas estão identificando a necessidade de ter um time focado na gestão de produto. Ou seja, as organizações estão entendendo que existem variáveis em torno da criação de um produto digital, que tornam complexo o processo de conectar os interesses do negócio à dor do usuário. Por essa razão, profissionais da área tendem a ser mais valorizados, principalmente se considerarmos uma função como a de Product Manager, que exige um perfil generalista e dotado de habilidades diversas”, explica.
Outros dados que comprovam o aquecimento do setor são sobre a quantidade de vezes que os profissionais da área de Produto fizeram entrevistas nos últimos meses: 43,7% dos respondentes sinalizaram ter participado de uma a três entrevistas nos últimos seis meses e 18,7% de quatro a seis.
“O mercado em alta não justifica que as pessoas fiquem pingando de empresa em empresa sem entregar resultados. Isso só vai prejudicá-las no longo prazo. Por outro lado, diante desse cenário de crescimento, as companhias precisam cada vez mais cuidar do ambiente corporativo para oferecer um bom lugar para trabalhar, construindo um cenário e uma cultura atrativas, que fomentem a retenção de talentos e atendam às expectativas e necessidades do time”, reforça o CEO da PM3.
Retenção de talentos
Para Almeida, mais do que ser um chamariz de novos profissionais, o aquecimento do setor intensifica a necessidade das empresas criarem uma cultura organizacional para atrair e reter talentos, além de treinamentos para que as lideranças exerçam a sua função de maneira adequada. Nesse sentido, a pesquisa destaca a falta de desenvolvimento de carreira e lideranças ruins como os dois principais motivos que fazem as pessoas saírem das companhias, com, respectivamente, 27,2% e 23,8% das indicações.
“Nota-se que há uma dor muito grande em relação à ausência de líderes fortes e capacitados para lidar com a realidade da área, o que contribui para que os profissionais que vão adquirindo experiência tenham a expectativa de assumir cargos mais altos, especialmente porque os times de Produto aos poucos vão crescendo e adquirindo complexidade. É um movimento de ascensão natural, que tem feito PMs buscarem especializações constantes, encontrando formas de atuar em nichos específicos”, pontua.
Por isso, o CEO da PM3 realça a importância das marcas ficarem atentas às demandas de seus times. No estudo, os itens mais valorizados pelos respondentes em relação ao emprego foram: benefícios e salário (19,8%), cultura da empresa (17,5%) e autonomia (14%). A escala é bastante parecida quando observamos o recorte de cargos dos profissionais, mas no caso das Lideranças de Produto, a cultura é o principal fator (18,4%) e os benefícios e o salário ficam em segundo lugar (17,5%).
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