A chegada da pandemia do covid-19 obrigou pessoas físicas e jurídicas a mudarem seus hábitos e entre eles, o de maior impacto econômico, mental e físico, foi a implementação do trabalho remoto. E, um ano após essa decisão, algumas pessoas ainda continuam em home office. Com isso começam a surgir algumas doenças relacionadas a esse cenário, como a que vem sendo chamada de Tecnoestresse, uma síndrome que leva à ansiedade, ao esgotamento e até à depressão.
De acordo com o CEO da MPJ Solutions, empresa de consultoria e outsourcing, Jerry Soares, isso ocorre porque vivemos cercados de conectividade. A maioria dos profissionais trabalha com computadores, utilizando chats de trabalho, e-mails, chamadas em vídeo conferência e mensagens instantâneas, tudo a apenas um clique de distância. “O Tecnoestresse é consequência de tudo isso. Ele acontece quando as pessoas ficam sobrecarregadas de informações e possuem contato continuo com dispositivos digitais, o que pode contribuir para um estado de estresse muito alto”, diz o executivo.
Ainda segundo o empresário, os colaboradores acabam ficando sob pressão para manter a mesma produtividade e eficiência no trabalho remoto igual ao presencial, o que pode ser altamente estressante. “As consequências do Tecnoestresse são graves e não podem ser esquecidas. Por estarem cientes das suas causas e consequências, os empregadores e colegas devem proteger sua equipe para evitar um efeito negativo no bem-estar, diminuindo as reuniões on-line e fazendo pequenos encontros de alinhamento, além de usar e abusar de softwares e sistemas de gestão e produtividade”.
Para minimizar os efeitos desse estresse tecnológico, os gestores precisam preparar os colaboradores para administrar com sucesso o trabalho remoto. Um ponto de partida nesse esforço é o treinamento. “É importante que haja um treinamento de acordo com as necessidades da equipe, pois isso evitará que os funcionários se sintam desamparados e desengajados. Além disso, ouvir a equipe e obter um feedback constante fornecerá às empresas informações que vão ajudá-las a melhorar continuamente a entrega do aprendizado”, pontua o executivo.
É essencial ter uma política clara sobre o uso da internet e as limitações no horário de trabalho. Para evitar essa doença é fundamental que os funcionários sejam incentivados a não responder demandas de trabalho fora do expediente. O empresário alerta ainda que uma das melhores formas de combater qualquer tipo de problema de saúde mental no home office é conversar para que todos os colaboradores conheçam os sinais, causas e perigos do Tecnoestresse. “Também é necessário reduzir a comunicação desnecessária. Há sempre uma expectativa de que as pessoas precisam responder qualquer mensagem imediatamente, mas isso só vai fazer com que o funcionário fique ainda mais sobrecarregado, estressado e desconcentrado”, afirma Soares.
O executivo comenta ainda que, é uma boa ideia revisar os sistemas de apoio que as empresas possuem atualmente, identificando em que elas podem melhorar e, em seguida, prosseguir com as ações concretas. “Isso ajudará tanto funcionários quanto líderes a mudarem sua mentalidade e adotarem a conectividade como uma oportunidade, em vez de uma fonte de estresse”, finaliza.