Dados divulgados pela Newzoo em julho de 2022 mostram que o brasileiro gosta muito de games. Uma prova disso é que ocupamos a 5ª posição no ranking global com um total de mais de 100 milhões de jogadores contabilizados no ano passado. Essa indústria faturou por aqui cerca de US$ 2,7 bilhões em 2022, nos colocando como o 10º país em receita em todo o mundo. Para se ter uma ideia sobre o que o game representa no Brasil, a Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Games (Abragames) registrou um crescimento de 169% no total de desenvolvedores de games no país, num período de quatro anos. Em 2018, eram 375 desenvolvedoras, o ano passado fechou com um total de 1009 estúdios de jogos no Brasil. “Os números são realmente muito positivos e com certeza o Brasil tem um mercado potencial enorme. Porém, a jornada ainda é longa”, comenta a vice-presidente da Abragames, Carolina Caravana.
A executiva lembra que assim como cresce o número de desenvolvedoras, a entidade também vê um número significativo de estúdios “morrerem” ao longo do tempo. “Muitas empresas nascem como pequena ou micro, e ainda há muitos desafios no caminho dentro da indústria de games nacional”, completa. Ela destaca a importância, inclusive, de uma legislação voltada para esse setor. “É fundamental que exista uma discussão entre diferentes esferas do governo e do setor, para impulsionar essa indústria, que oferece emprego e possui um mercado potencial muito grande, não só nacionalmente, mas internacionalmente também”, afirma.
Trata-se de um mercado formado por pessoas de diferentes faixas etárias e de diferentes gêneros, que buscam no game não só lazer e diversão, mas também competitividade e desenvolvimento profissional. Ainda segundo dados da Newzoo, 77% dos brasileiros jogam algum jogo, enquanto 55% assistem a jogos e outros 6% criam conteúdo. Em relação às plataformas preferidas e à média de horas jogadas, 60% dos jogadores brasileiros preferem jogar em dispositivos móveis (média de 4h31/semanal), enquanto 31% usam os consoles (média de 5h12/semanal) e 30% utilizam o PC (média de 5h12/semanal).
“Com esses números podemos ter certeza que o mercado de games no Brasil tem um potencial enorme e pode figurar como um dos mais importantes do mundo e mostrar o nosso tamanho de fato para o mercado internacional”, avalia Carolina. Entre os objetivos da Abragames, a executiva da entidade destaca a interlocução com o Governo, “principalmente para mostrar a indústria de uma forma real e seus diferenciais em relação a outros setores da economia, para que cada vez mais haja incentivos que ajudem o impulsionar o crescimento dentro e fora do país”. Segundo a executiva, esses incentivos podem ser desde a criação de linhas de créditos que possam ajudar o pequeno e o micro estúdio a desenvolver novos jogos, ao desembaraço na importação de hardware e software para que os profissionais brasileiros tenham acesso ao que há de mais moderno em relação a esses ítens no mundo. “Para se ter uma ideia, não existe até hoje um CNAE específico para empresas que atuam no setor”, revela Carolina. Lembrando que a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) é utilizada para determinar quais atividades são exercidas por uma empresa e é obrigatória a todas as pessoas jurídicas, inclusive autônomos para a obtenção do CNPJ.
Entre as ações realizadas pela Abragames estão a integração com redes e associações internacionais; geração de negócios (parcerias tecnológicas e comerciais); promover, nos mercados nacional e internacional, os produtos e serviços de seus associados; colaborar com os associados para reter e atrair talentos dentro da indústria de desenvolvimento de jogos nacional; entre inúmeras outras que a entidade vem realizando ao longo dos anos.
“A Abragames é uma entidade que busca colocar a indústria brasileira de games em destaque, seja por meio de parcerias, participações em eventos e implementações de diretrizes que ajudem o setor. Trata-se de um mercado que cresce no mundo todo e, com certeza, o Brasil não pode ficar para trás”, finaliza a vice-presidente.
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