A indústria de Tecnologia da Informação (TI) no Brasil está testemunhando um aumento significativo no interesse e na demanda por profissionais qualificados. De acordo com a associação das empresas deste setor, existe uma demanda média anual de 159 mil profissionais no País, mas o Brasil só forma 53 mil pessoas na área por ano. Embora o déficit seja preocupante para o setor, a pesquisa desenvolvida pela edtech Cubos Academy aponta que o brasileiro enxerga a área de TI como uma das mais interessantes e promissoras.
O levantamento devolvido pela edtech teve como principal objetivo mensurar o quanto os brasileiros se interessam pela área. Nesse aspecto, 97,6% dos respondentes dizem estar interessados nas oportunidades que o setor de Tecnologia da Informação oferece. Além disso, 94,5% dos participantes consideram migrar de carreira com o objetivo de atuar na área de TI.
Embora o mercado de tecnologia seja um dos mais aquecidos do Brasil, é importante ressaltar que o cenário mudou e apresenta desafios como as demissões em massa, desaceleramento das startups e maior exigência de habilidades e preparo dos candidatos. “Em 2020 vivenciamos o ‘boom’ do setor. Muitas vagas abertas, salários enormes e uma procura massiva por novos profissionais. Atualmente, podemos dizer que o mercado de TI está mais equilibrado. Mesmo com os desafios econômicos, layoffs e condutas empresariais mais conservadores, a área segue sendo uma das melhores para se ingressar. É bem interessante notarmos que a maioria dos participantes da pesquisa seguem se interessando por TI e buscando especializações para garantir uma oportunidade’’, ressalta o CEO da Cubos Academy, José Messias Júnior.
Outros dados interessantes que ajudam a desenvolver o perfil dos respondentes é que a maioria dos participantes tem entre 25 e 30 anos (32%), ensino superior completo (42%), mais de seis anos de experiência (34%) e renda mensal de até R$ 1.800 (34%). Os números apontam um cenário que diverge do perfil dos profissionais de TI, conforme o CEO da Cubos Academy. “Quando analisamos esses recortes de idade, educação, experiência e renda, podemos notar o quão desproporcional a realidade dessas pessoas está, se comparado com a área de TI. A maioria dos respondentes tem mais de seis anos de experiência na área em que atuam, nível superior completo e ainda assim a renda da maioria não passa de R$ 1.800. Não é incomum encontrarmos estagiários de TI que ganham até mais do que isso’’, completa o executivo.
Embora a área de tecnologia ganhe destaque por ser uma das mais promissoras no aspecto financeiro, os respondentes da pesquisa estão mais interessados em outros fatores. A maioria dos participantes (58,5%) considera a carreira de TI mais atrativa pela flexibilidade e possibilidade de trabalhar remotamente. Outro dado que chama atenção é o interesse por desenvolver as atividades da área e estar inserido no cenário de inovação nacional (23,8%) e por último, o retorno financeiro e fácil colocação no mercado (14,6%). “Esses dados reforçam um movimento geracional que está sendo percebido em todos os setores. A maioria dos participantes da pesquisa são da geração Z. Esse grupo de pessoas tende a valorizar a flexibilidade e se relacionar com o trabalho de forma diferente das gerações anteriores. Se antes, um bom salário já bastava para atrair os millennials, agora, a geração Z fez um ‘upgrade’ nos aspectos relacionais do trabalho. Esses jovens priorizam a qualidade de vida, flexibilidade e valorização de suas funções’’, explica a head de carreira e RH da Cubos Academy, Rafaela Assis.
E para esses jovens, a área de tecnologia parece ser a opção mais intuitiva no que diz respeito à flexibilidade, bons salários e satisfação pessoal. A maioria dos participantes (41,5%) não atua na área de TI, outros 35,4% dizem que é apenas questão de tempo até entrarem na área. Além disso, 73,2% dos respondentes já estão estudando para ingressarem nesse mercado.
Segundo o IBGE, o setor de TI esteve entre os de melhor desempenho da economia latina no ano passado, com crescimento de 12,3%. Além disso, os investimentos em tecnologia seguem em crescimento, ano após ano. A produção de tecnologia da informação e telecomunicações (TIC), tanto em empresas de tecnologia como em outros setores, alcançou R$ 653,7 bilhões em 2022, alta de 9,3% em relação ao resultado de 2021. “Estamos falando sobre um dos setores mais rentáveis do mundo. É ótimo que as pessoas estejam despertando para as possibilidades que o mercado de TI oferece. Entretanto, em países como o Brasil, onde enfrentamos muitas dificuldades de acesso à educação, é imprescindível que existam estímulos maiores para que todos esses interessados tenham oportunidade para de fato ingressar na área’’, finaliza José Messias Júnior.
Foto: Dovulgação.