A forma como mulheres e homens são criados influencia diretamente na vida profissional e pessoal de cada um. Uma das consequências é a falta de representatividade de mulheres em equipes de todas as áreas do mercado, mas principalmente na tecnologia.
Até o ano passado, grandes empresas desse setor como o Facebook, Google, Twitter e Apple, empatavam na lista feita pela agência de risco Standard & Poor’s com apenas um terço de suas equipes composto por mulheres.
Desde então, algumas dessas empresas já perceberam a importância e necessidade da diversidade em suas equipes. A Apple, por exemplo, aumentou em 6% o número de suas funcionárias, número ainda baixo perto do interesse e da quantidade de mulheres capacitadas e qualificadas na área da tecnologia.
Iniciativas como a HerForce, primeira plataforma de divulgação de vagas e avaliação de empresas voltada para mulheres no Brasil, quer mudar esse cenário o mais rápido possível. “Nosso propósito é conectar mulheres a empresas que valorizam a diversidade, além de ajudar as empresas a cuidarem de seu ambiente de trabalho e aumentarem a representatividade de mulheres em suas equipes”, explica a fundadora e CEO da HerForce, Silaine Stüpp, que sentiu na pele a desigualdade de tratamento pela qual as mulheres passam em entrevistas de trabalho, por exemplo.
Segundo a gerente dos Princípios de Empoderamento Econômico da ONU Mulheres Brasil, Adriana Carvalho, 74% das meninas que estão em idade escolar possuem interesse no campo da ciência, tecnologia e exatas. No entanto, elas estão fora dos principais postos de trabalho gerados pela revolução tecnológica, sendo que, atualmente, apenas 25% da força de trabalho da indústria digital é composta por mulheres.
Para Carine Roos, cofundadora da ELAS, são inúmeras as barreiras que impedem as mulheres de acender no mercado de tecnologia. “A primeira delas tem a ver com estimulo que recebemos. Desde pequenas não somos estimuladas a ter um raciocínio mais analítico e lógico. As meninas ganham brinquedos mais relacionados com o cuidado – como, por exemplo, brincar de casinha”, explica Carine.
Em busca da diversidade e mais líderes mulheres
De acordo com a Associação Telecentro de Informação e Negócio (ATN), mais de 36 mil mulheres formadas na área de tecnologia buscam colocação no mercado.
Com o intuito de diminuir essa desigualdade, a plataforma da HerForce atua em duas frentes: dando voz às mulheres e credibilidade às empresas que buscam reforçar o valor da diversidade.
As profissionais podem avaliar uma organização em que já tenha trabalhado, responder critérios específicos ao público feminino, visualizar avaliações e comentários pela ótica de outras mulheres, acessar vagas de trabalho e enviar o currículo. Já as empresas podem criar seus perfis de marca empregadora, divulgar vagas, contratar serviços focados no aprimoramento do seu ambiente de trabalho e ainda obter o selo HerForce, indicando que empresa valoriza e exerce a diversidade de gênero e inclusão.
Com a missão de empoderar mulheres na sociedade e no trabalho, a ELAS, fundada em agosto de 2017, já impactou mais de 4 mil mulheres por meio de palestras, imersões e workshops. A escola possui 500 alunas certificadas, sendo que 30% delas já foram promovidas ou receberam aumento salarial dentro de seis meses após participarem do Programa ELAS.
O objetivo das iniciativas é tornar as participantes mais seguras, confiantes e autossuficientes. “Fazemos um trabalho de desenvolvimento pessoal, para que as mulheres, principalmente essas que estão em áreas em que são a minoria, possam exercer autoridade sem serem autoritárias. Assim elas aprendem a se posicionar em momentos nos quais são interrompidas, por exemplo”, conta Carine que trabalha em conjunto da Amanda Gomes, também cofundadora da escola.
Com uma metodologia própria, experiência em equidade de gênero e desenvolvimento comportamental, Carine e Amanda formam mulheres que desejam assumir posições de destaque no mundo corporativo e na sociedade. “Apesar do ambiente ainda não estar preparado para lidar com mulheres, ela terá as ferramentas necessárias para conseguir hackear o sistema”.