Cerca de 25% dos funcionários brasileiros já reclamaram com a equipe de TI sobre a necessidade ou a frequência das atualizações de programas em seus dispositivos corporativos. Surpreendentemente, mais de 40% tiveram autorização para negar a instalação de um software específico ou sistema operacional. Estas são algumas das conclusões da campanha “Dor de Cabeça” da Kaspersky, que estuda o comportamento dos usuários durante a atualização de seus dispositivos.
Além de trazerem novas funcionalidades e resolverem bugs no sistema, as atualizações têm papel importante na segurança corporativa: a correção de vulnerabilidades. Essas brechas em programas ou sistemas operacionais permitem que pessoas não-autorizadas obtenham acesso à rede da empresa ou a dados confidenciais das organizações.
Neste contexto, é preocupante que as equipes de TI autorizem funcionários a manter sistemas desatualizados. Dos 25% dos entrevistados no Brasil que reclamaram das atualizações, fez-se dois questionamentos adicionais: se foram autorizados a pular as atualizações (44% sim); e se puderam escolher quais atualizações seriam feitas (54% puderam escolher).
O gerente-executivo da Kaspersky no Brasil, Roberto Rebouças, explica que, ao permitir a existência de versões antigas nos dispositivos corporativos, as equipes de TI acabam criando elos fracos na segurança das organizações – é como ter uma corrente com um elo remendado e usar uma abraçadeira de nylon para evitar a substituição da corrente.
“Para quem não lembra, a epidemia do WannaCry, ransomware que explodiu em 2017 e gerou perdas de US$ 4 bilhões em 150 países, teve sua disseminação massiva por causa de uma vulnerabilidade – que tinha correção, mas poucas empresas haviam instalado. Quatro anos depois, nosso relatório de ransomware mostra que esta ameaça ainda representa 16% das detecções em 2020. A razão do Wannacry ainda ser popular é porque as empresas estão com seus portões usando a corrente quebrada com uma abraçadeira de nylon – significa colocar uma placa “seja bem-vindo ladrão”, explica o executivo.
Rebouças ressalta que a segurança de alto nível é feita em camadas e cada peça precisa ser forte para que a proteção final seja sólida. Para evitar que cibercriminosos explorem as vulnerabilidades, a Kaspersky recomenda as seguintes ações:
– Eduque os funcionários sobre a importância de atualizações frequentes e explique os riscos para a empresa caso os cibercriminosos explorem essas falhas.
– Crie políticas em seu sistema de segurança para forçar a atualização, caso o funcionário não o faça depois de um período determinado.
– Tenha uma solução de segurança com tecnologias de detecção de malware por comportamento e prevenção de exploit (malware que explora vulnerabilidades). Com elas, há a possibilidade de detectar e bloquear golpes que exploram vulnerabilidades desconhecidas (0-day).
– Mantenha uma rotina de treinamentos de conscientização em segurança para todos os funcionários para garantir que boas práticas sejam sempre aplicadas – como a atualização dos programas nos dispositivos corporativos.
– Ative o recurso de avaliação de vulnerabilidades e gerenciamento de correções (patches) para automatizar este processo e liberar a equipe de TI para tarefas mais estratégicas.
– Para os sistemas legados e sem suporte (como o Windows 7), é recomendado que as organizações mantenham estes equipamentos em rede exclusiva (e separada da principal) e aplique medidas adicionais de proteção, como a criação de uma lista de processos permitidos com as funções que o equipamento poderá executar. Qualquer outra tarefa será bloqueada por padrão (default deny).
Em abril de 2021, a Kaspersky realizou com a Savanta uma pesquisa on-line com 15 mil entrevistados para explorar as tendências de como as pessoas se comportam ao atualizar seus dispositivos. A amostra incluiu mil participantes da Alemanha, Espanha, França, Itália e Reino Unido; além de 500 entrevistados vindos da África do Sul, Argentina, Austrália, Áustria, Brasil, Chile, China, Colômbia, Emirados Árabes, Estados Unidos, Holanda, Índia, México, Peru, Portugal, Romênia, Rússia e Turquia. Todos os participantes usavam um computador, um smartphone e/ou um tablet para cuidar de assuntos pessoais ou de trabalho, e 76% deles estavam empregados.