Creio que você em algum momento já deve ter ouvido falar a respeito, e quem sabe até praticado o desapego de coisas que não utiliza mais. Quem não lembra do slogan da propaganda “Desapega, Desapega, OLX!”?
Quando nos referimos a coisas que estão encostadas em um canto da casa ou guardadas no fundo do armário ou na garagem, talvez a ação do desapego seja um pouco mais fácil, pois além de liberar espaço físico pode se transformar, em muitos casos, em valor financeiro, ou seja, uma monetização mesmo que pequena. E quem, principalmente neste momento de pandemia, não valoriza uma entrada de caixa inesperada?
Você já parou para pensar que isso pode estar acontecendo com você também em relação ao seu conhecimento profissional? Para a maioria das pessoas é muito difícil pensar nesse desapego de conhecimentos adquiridos no passado, pois elas investiram muito esforço e tempo, além do dinheiro, obviamente.
A pergunta que vem à cabeça é “poxa, eu investi tanto tempo, esforço e dinheiro para obter determinado conhecimento profissional, como agora devo simplesmente deixá-lo de lado?”
Realmente não é tarefa fácil, mas no mundo moderno e tecnológico de hoje é quase imprescindível. Talvez você esteja se preocupando demais em como utilizar ou reutilizar esse conhecimento em vez de simplesmente deixá-lo de lado e olhar para frente. Não que os conhecimentos adquiridos devam ser ignorados, eles servem de base para aquisição de novos conhecimentos, mas devemos tratá-los como algo do passado e aprender a nos reciclar, nos reinventar.
Cada vez mais, o surgimento de novas tecnologias, novas metodologias, novas formas de trabalhar faz com que devamos nos preparar para o novo. O “re-skill” é obrigatório!
Esqueça as linguagens de programação antigas, os modelos de infraestrutura centrados em equipamentos físicos, a execução manual de atividades repetitivas, as estruturas organizacionais hierárquicas, as implementações de soluções que levam anos sem atender à evolução das necessidades de negócio. É difícil, mas aprenda a desapegar desse conhecimento.
Invista seu tempo, esforço e dinheiro em novos aprendizados: tecnologias como robotização e automação, inteligência artificial, aprendizado de máquina, funcionamento das nuvens (cloud), públicas, privadas e híbridas, como trabalhar em estruturas organizacionais distribuídas, como gerar valor para o negócio por meio da implementação de soluções com utilização de metodologias ágeis. Apegue-se a novos conhecimentos.
Mas atenção: em breve pode ser que esses conhecimentos também fiquem ultrapassados, e novos conhecimentos deverão ser adquiridos. O fato é que muitos profissionais terão dificuldade para se ajustar ao desaparecimento do trabalho que compreendem, e encontrarão dificuldade em prosperar com o trabalho que não entendem.
E isso vale também para as novas gerações, que já nasceram em um mundo conectado, como as gerações Z e Alpha. De acordo com pesquisa da McKinsey, 42% dos jovens entre 17 e 23 anos já estão trabalhando, seja em período integral, meio período ou como freelancer.
A velocidade de evolução e transformação é enorme, e talvez essas novas gerações já contem com mais adaptabilidade e flexibilidade nesse processo de desapego e aprendizado contínuo. Mas nem eles estão imunes, com certeza, também deverão aprender a praticar o desapego.
Não tenha medo de se reinventar. Pratique o desapego do conhecimento. “Jogue fora” o que não lhe serve mais e aprenda o novo. O aprendizado constante é o que pode fazer com que um profissional não sinta de maneira drástica as mudanças pelas quais o mercado de trabalho vem passando e vai continuar passando, de maneira acelerada. E, com isso, possa também se manter sempre atraente para o empregador.
Há uma frase que li, do escritor, designer e publicitário, Gutto Carrer Lima, que diz: “Obsolescência. Acho que tô precisando me reinventar. De novo”.
Assim como no esporte, quanto mais você praticar o poder do desapego, melhor desempenho terá e melhores resultados em sua carreira profissional poderá atingir. Artigo: Roberto Wik, diretor de Indústria e Varejo da Cognizant para a América Latina.
(Redação – TecnoInforme)