A área de tecnologia é uma das que mais emprega no Brasil. Porém, de acordo com uma pesquisa da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), até meados de 2021, haviam 159 mil vagas na indústria tech em aberto no Brasil, enquanto a quantidade de profissionais formados somava apenas 53 mil pessoas. Os motivos que norteiam esses parâmetros são muitos, desde falta de recursos para capacitação até a procura de profissionais brasileiros por oportunidades de trabalho em outros países.
Hoje, os profissionais brasileiros, especificamente da área da programação, podem compartilhar suas experiências profissionais em diferentes países. Entretanto, o que pode parecer absolutamente benéfico, deve ser estudado com atenção entre os futuros e presentes programadores que desejam explorar outros terrenos.
Quem reforça este cuidado é Walmir Torrente, CEO da Bit One, empresa desenvolvedora que atende bancos de diversos países do mundo. O empresário diz que apesar dos altos salários, a atuação no exterior pode trazer algumas surpresas: “Tenho uma visão mais ampla dos Estados Unidos. Lá, é possível ganhar US$ 120 mil, em média, anualmente. Tirando as exceções, é claro. Entretanto, existem grandes diferenças quando comparamos o país ao Brasil e a maioria delas está nos direitos. Nos EUA, não existe fundo de garantia, extra de férias e, às vezes, nem mesmo aviso prévio. Podemos perceber isso pelas demissões espontâneas e em massa de grandes empresas. Além disso, as melhores regiões de trabalho demandam um alto custo de vida. Ou seja, você ganha bem, mas gasta bem também”.
Porém, mesmo com os pontos negativos, Walmir lembra que escolher outros países para evoluir profissionalmente também tem suas vantagens. “Um dos maiores benefícios de trabalhar internacionalmente é o ganho de experiência profissional e pessoal. Não podemos esquecer também, do aperfeiçoamento do idioma”. Ainda sobre isso, o especialista afirma que além das línguas mais populares, o idioma regional também é de extrema importância: “O idioma mais importante sem sombra de dúvidas é o inglês, mas é preciso aprender também o idioma local. Se pretende trabalhar na Espanha, por exemplo, aconselho que tenha o espanhol”.
A adaptação cultural, para Walmir, é um ponto decisivo a ser considerado. “Um ponto chave é lembrar que você precisa se adaptar culturalmente a um país. Isso pode não ser tão simples, considerando também, o distanciamento que você terá com amigos e familiares”. Ele também aborda a atenção aos impostos que, segundo ele, podem refletir no custo de vida: “Outra boa dica é ficar atento ao valor dos impostos. Isso varia muito de cada país, mas no caso da Europa, quanto mais você ganha, mais intenso é o percentual e isso afeta diretamente nos custos de vida”.
O empresário relata que focar em desenvolver um produto funcional para as pessoas ou empresas e salientar o auto aperfeiçoamento é o que realmente determinará os resultados de uma experiência: “Seja no Brasil ou em outro país, se o desenvolvedor focar em aprimorar suas qualidades e não se limitar ao emprego, se dedicando apenas em produzir um software útil, as chances de sucesso profissional e financeiro são muito grandes”, finaliza.
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